Sobre viver. Sobreviver.

Nascer judia, em Kiev, às portas da revolução russa. Ainda que rica. Mudar-se para a Finlândia e posteriormente para França. Estudar na Sorbonne e começar a escrever aos dezoito anos. Ter uma mãe que a relega aos cuidados de uma preceptora, para poder viver a juventude que teima em não querer deixar fugir. Ainda que rica. Casar-se. Ter uma filha aos vinte e seis anos, precisamente quando uns editores colocavam um anúncio num jornal, na tentativa de saberem quem seria o autor de um manuscrito que haviam recebido e que muito os havia impressionado. Apresentar-se aos editores como a autora do manuscrito – aos vinte e seis anos, recordo -, pedindo desculpa pelo atraso por ter acabado de dar à luz. Ver o seu livro publicado e adaptado ao cinema. Ter uma segunda filha. Publicar mais alguns livros. Ver o marido ser afastado do trabalho e os seus escritos deixarem de ser publicados devido às suas raízes judaicas. Ver a chegada dos movimentos nazis a Paris. Refugiar-se numa pequena vila. Ser detida. Ser enviada para Auschwitz e morrer de tifo, um mês depois, aos trinta e nove a anos. Ter mais alguns livros publicados postumamente. Isto é sobre viver.

David Golder e Jezabel, que já li. O baile, Suite francesa, O senhor das almas e O vinho da solidão, que quero muito ler. Isto é sobreviver.

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2 thoughts on “Sobre viver. Sobreviver.

  1. dulcineia diz:

    A “Suite francesa” é um livro muito bom!

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